Futuca Cuca

Quando publiquei meu primeiro romance, “O Malabarista”, professores foram conhecendo a obra e decidindo adotá-la para os colégios de Salvador. Ao passo em que estudantes finalizavam suas leituras, enviavam-me belos e emocionantes depoimentos através das redes sociais. Essas expressões de seus sentimentos eram por mim compartilhadas, despertando curiosidade e interesse em quem visualizava tais postagens. Uma dessas pessoas foi Stela de Sá Hama, minha ex-colega de colégio e irmã de Marcos. Fôramos colegas por apenas um ano, tempo insuficiente para uma aproximação de amizade. Isso, naturalmente, impossibilitou-me de conhecer Marcos àquela época.

Stela, certo dia, enviou-me uma mensagem, falando do seu desejo em conhecer “O Malabarista”, tocada pelos depoimentos dos leitores. Marcamos um encontro que, devido a compromissos de ambos, precisou ser muito rápido, apenas para ela pegar o livro. Chegamos a conversar brevemente, na porta do prédio, e ela me disse que a leitura de “O Malabarista” seria feita junto com seu irmão que havia sofrido um grave acidente, ficara tetraplégico e, nos últimos anos, demonstrava grande interesse em ter um contato mais amplo e frequente com a Literatura. Stela demonstrava estar emocionada. Trocamos um abraço silencioso, e eu percebi seus olhos lacrimejados. Ali, naquele instante, pressenti ter aquele encontro um significado muito maior que a busca por um exemplar do meu livro, mas eu ainda não sabia exatamente qual era.
Com o passar do tempo, o abraço trocado, a sensação de haver algo que transcendia a simples entrega de um livro foi, de fato, um sinal. Foi a semente plantada para o que hoje desabrocha com a publicação desta biografia. Nada é por acaso. Um dia, mais cedo ou mais tarde, descobrimos a explicação e o sentido para tudo que nos ocorre. Stela e Marcos leram “O Malabarista” e, um tempo depois, “O Lavrador”, meu segundo romance. Em seguida, convidaram-me para escrever esta história de Marcos de Sá Hama, o IronMarcos.