Participar da Flipelô, representando a Editora Futuca Cuca, na Casa das Editoras Baianas, foi uma experiência muito positiva.
Nunca imaginei participar de uma mesa tratando do tema Democracia, sonhos e cidadania: a cidade flutuante e a sociedade alternativa dos livros. dentro de uma igreja católica, a Igreja São Pedro dos Clérigos que, por sinal, nunca a havia notado, haja vista a sua proximidade à Faculdade de Medicina, uma das primeiras do Brasil e do famoso Convento de São Francisco. No entanto, como toda igreja de Salvador, ela tem sua história e remonta ao século XVIII quando a irmandade de São Pedro recebeu terras pertencentes aos jesuítas pelo arcebispo de Salvador, Dom Sebastião Monteiro da Vide e no ano de 1709 construiu a igreja que, porém, caiu em ruínas e 1741, sendo demolida em 1791 e reconstruída no local atual em 1802. Essas idas e vindas, na breve pesquisa que fiz, foram atribuídas a um colapso do penhasco da cidade alta, naquela região do Pelourinho, Contorno e Elevador Lacerda. A primeira igreja de São Pedro dos Clérigos ficava dentro dessa falha geológica e teve que ser demolida. Mas, no final das contas, tudo deu certo. A igreja foi construída na localização atual. Livre de qualquer colapso.
Voltando à mesa, confesso que foi muito agradável falar para pessoas sentadas naqueles bancos de madeira como se estivessem aguardando o padre chegar, apesar de não ser padre, nem ter qualquer vocação para isso. O tema Democracia, Sonhos e Cidadania é bastante extenso e fiquei um pouco preocupado com o tempo para explanar minhas ideias, mas, assim como o processo de destruição e soerguimento da igreja São Pedro dos Clérigos, também consegui construir uma fala bacana relacionando o enredo do livro ao tema da mesa e com essa fala descobrir o quanto o livro “Tenório e a Cidade Flutuante”, às vezes, de maneira explícita, às vezes, por entrelinhas, fala sobre Democracia, Sonhos e Cidadania. Na verdade, esses temas permeiam o livro de maneira muito enraizada e isso foi uma surpresa para mim sentir na prática. Só participando de uma mesa em uma igreja para descobrir isso.
Enfim, a mensagem que tentei passar foi a de que precisamos cada vez mais participar da política no sentido amplo. Não devemos nos contentar somente com o voto que oferecemos aos vereadores, deputados, prefeitos, governadores, presidentes, a cada dois anos. Podemos mais. Podemos participar dos conselhos de saúde, de educação, dos comitês temáticos, dos grupos que defendem causas importantes para a sociedade como um todo ou de grupos que defendem causa de minoria descriminada que precisa muito do nosso apoio. Através dessa participação, podemos cuidar dos nossos interesses individuais e coletivos. Vamos lá?!
Na mesa também participaram a autora Silvana Machado e a mediadora, a editora Fabiana Aragão. O debate além de abordar minha obra “Tenório e a Cidade Flutuante” , também explorou a obra “Maga Mya e o Carrossel do Tempo – Vol. 1: Mulheres Fortes da História” de Silvana Machado.
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VITÓRIO TIBIRIÇÁ* Baiano, Psicólogo, Especialista em Políticas Públicas e em Gestão Governamental