Futuca Cuca

Muitos no dia a dia me chamam de “Presidente”, mas a verdade é que, antes de qualquer coisa, eu sou torcedor. Vibro, choro, canto, dou risada, fico nervoso, reclamo do juiz… A diferença é que agora faço tudo isso com o peso da responsabilidade sobre os meus ombros, bem como sobre os de toda a nossa equipe de colaboradores.

A história que este livro conta talvez tenha começado nas horas seguintes à derrota para o Botafogo/SP, no Barradão, na tarde de 19/06/2022. Ao fim do jogo, nos reunimos na sala da comissão técnica e eu precisei comunicar a Fabiano Soares que, infelizmente, não poderíamos prosseguir com o trabalho, e não apenas por aquele resultado, mas por tudo que vinha acontecendo.

O Vitória estava à porta da zona de rebaixamento para a Série D e era preciso encontrar um novo técnico. Após conversar com Rodrigo Pastana, Djalma Abreu, Ralph Fernandes, Tiago Noronha e Maneca, o nome de João Burse veio à tona. Na verdade, ele já havia sido ventilado em outras oportunidades, mas, naquela noite, era oficial. Autorizei Pastana a fazer a ligação e convidá-lo.

O resto é história – e Vitória.

Eu poderia falar muito sobre as emoções que vivemos nos meses seguintes, mas quero destacar o “Jogo a Jogo”, palavras que Burse sempre repetia e que aprendi a respeitar. Essa expressão norteou todo o trabalho, apesar da ansiedade natural.

Como presidente, posso dizer que fizemos tudo que estava ao nosso alcance. Mantivemos os salários em dia e passamos a pagar “bicho” – mesmo tendo combinado previamente que isso não seria feito em 2022, o que só foi possível graças à contribuição de vários rubro-negros que nos ajudaram na coleta desses recursos. Além disso, viajávamos para jogos fora de casa com um dia de antecedência e hospedávamos o elenco em hotéis de nível de Série A. Tudo isso para que pudéssemos ser o alicerce sobre o qual você, a comissão técnica e o grupo construiriam a performance que nos levou da zona de rebaixamento ao acesso.

Como em toda boa história, esta possui momentos bons e ruins. Lembro-me da festa do vestiário após a vitória contra o São José/RS. Fiquei dois dias sem dormir, de tanta alegria. O pós-jogo contra o Mirassol também foi incrível, afinal, havíamos vencido a melhor equipe da competição. Por outro lado, impossível não citar a frustração depois do empate em casa contra o ABC. Ali fiquei muito triste, mas não joguei a toalha. No fim, deu tudo certo.

Há várias passagens pessoais que provam, que reforçam minha tese de que foi Deus quem nos levou para a Série B. Por isso, parabéns pelo título do livro. Aos que o lerão, desejo que a nossa jornada os inspire em suas próprias jornadas pessoais.

Você, torcedor, poderá conhecer melhor as entranhas do clube.

Você, profissional do Futebol, se identificará com várias passagens e poderá colocar algumas lições em prática.

E você, que é simplesmente apaixonado por esse esporte que transforma vidas, se deliciará com os relatos breves, mas impactantes, desta missão que parecia fadada ao fracasso. Mas é Vitória.

Fábio Mota

Presidente do Esporte Clube Vitória

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